Antiga Residência de Hu Xueyan

localização:  Rua Yuanbao, n.º 18, Distrito de Shangcheng, Hangzhou, Província de Zhejiang, China

Razões para visitar:  Antiga Residência de Hu Xueyan — um famoso conjunto de moradias de celebridades construído no estilo de jardim clássico chinês.

A nossa classificação:  ★★★★

Horário de funcionamento: 8:00am - 5:30pm

 

N.º18 da Rua Yuanbao, escondida no coração da zona histórica protegida de Dajingxiang, em Hangzhou, a antiga residência de Hu Xueyan surge como um selo que carimba o esplendor comercial da China do século XIX. As obras começaram em 1872 e terminaram em 1875, precisamente quando o seu dono atingiu o auge da fortuna e do prestígio. Construída num terreno alongado de norte a sul e generoso de leste a oeste, a propriedade ocupa 10,8 mu e soma 5 815 m² de área construída. Três anos de meticulosa execução e 3 milhões de taéis de prata converteram esta moradia privada numa obra-prima da arte artesanal popular.

Hu Xueyan nasceu em 1823, em Jixi, província de Anhui. De simples mensageiro numa casa bancária tornou-se o homem mais rico do sudeste da China, protagonizando uma vida plena de reviravoltas. Durante a guerra dos Taiping, aproximou-se de Zuo Zongtang ao fornecer mantimentos e fundos para o exército; no movimento de “Autofortalecimento”, contratou artesãos estrangeiros, importou maquinaria moderna e fundou estaleiros e farmácias, tecendo uma rede comercial transnacional que incluía seda, chá, finanças e armamento. As finanças eram sustentadas pela cadeia de casas bancárias Fùkāng e por montes de penhores, enquanto o sector produtivo ia da lendária farmácia Hu Qingyutang aos armazéns de seda. Competindo com comerciantes estrangeiros e, ao mesmo tempo, socorrendo populações afetadas por catástrofes, acabou por ser conhecido como o “comerciante de touca vermelha”.

 

A própria moradia é, por assim dizer, a biografia tridimensional desse magnata. Altas muralhas de tijolo cinzento circundam múltiplos pátios, mas sem cair na rigidez típica dos siheyuan do Norte; o eixo central apenas insinua a simetria ritual, enquanto o sector oriental adapta-se livremente ao relevo, fazendo variar o tamanho dos pátios, onde galerias, muros vazados e janelas perfuradas se entrelaçam, criando uma sucessão de espaços que se abrem e fecham, plenos e vazios, sempre surpreendentes a cada passo. Salões, pavilhões, quiosques e pontes — todos construídos em madeiras preciosas como púrpura-vermelha, pau-rosa e gingko — ostentam entalhes sobrepostos em madeira, tijolo e pedra, policromados e dourados, num esplendor sem precedentes. O Helétang, também conhecido por “Antiga Casa dos Sete Tramos”, com sete vãos de fachada e dois pisos, abrigava nos andares superiores os aposentos privados das sete concubinas, enquanto, no rés-do-chão, elas dedilhavam qins, saboreavam chá e ouviam música: aqui, a intimidade familiar fundia-se com a vida social.

Mais adentro, o Jardim Zhi eleva a habitação à categoria de paisagem. A gruta artificial em pedra calcária — considerada a maior câmara kárstica esculpida pela mão do homem em solo chinês — faz brotar águas subterrâneas entre blocos esculpidos e irregulares. Pontes estreitas, veredas serpenteantes, pavilhões abertos e baluartes sobre a água criam miragens que se respondem à distância; com um simples meio-giro, passa-se de uma galeria luminosa a um corredor sombreado junto ao lago, como se se tivesse adentrado um labirinto tridimensional. Nas rochas e nos muros, caligrafias lapidadas de Tang Bohu, Dong Qichang e Zheng Banqiao pontuam o percurso, fundindo o refinamento literário ao esplendor mercantil. No Salão das Liteiras, duas liteiras oficiais em púrpura-vermelha, esculpidas em madeira maciça e cravejadas de filamentos dourados, testemunham a proeminência outrora desfrutada pelo seu proprietário.

 

Se compararmos o Jardim Zhi com os jardins de eruditos da dinastia Ming, a diferença salta imediatamente à vista. Os jardins ming seguiam o princípio da “pintura paisagística”, deixando espaços vazios amplos e serenos: cada pedra, cada lagoa devia parecer “feita pelo homem, mas como se surgisse da própria natureza”. Já os jardins do final da dinastia Qing, influenciados por burocratas, comerciantes e compradores, assumiram funções múltiplas — refúgio para o pensamento, salão para banquetes, palco para negócios, vitrine para ostentar riqueza. Assim, na residência de Hu proliferam amplos painéis de madeira esculpida, policromias vibrantes e até vitrais ocidentais e balaústres de ferro fundido. As cores gritam, os detalhes multiplicam-se; desaparecem a sobriedade e a lacuna poética do estilo ming, surgem a ostentação secular e a exuberância que registam, precisamente, a fenda estética entre dois tempos.

Hoje, quando os visitantes atravessam a estreita entrada da Rua Yuanbao e erguem os olhos para os quatro dourados e desbotados caracteres “积善余庆” sobre o portão, ainda conseguem imaginar o esplendor de há cem anos — música de cordas e flautas, luzes brilhantes e uma cidade inteira em festa. A antiga residência de Hu Xueyan não é apenas uma mansão; é, acima de tudo, uma epopeia comercial do final da dinastia Qing escrita em tijolo, madeira, pedra, dinheiro e ambição.

 

Como chegar lá?

 

Sair na saída C da estação Wushan Guangchang (linha 7 do metro) e caminhar cerca de 350 metros até chegar.

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